VOCÊ SABE O QUE É PERMACULTURA?

Texto de Camila Aguiar

Estudante de Comunicação Social na Universidade Estadual de Santa Cruz

A nossa relação com a natureza se transformou muito ao longo dos anos. A Revolução Industrial instituiu uma relação predatória, tanto dos seres humanos com o meio ambiente, quanto entre si. A lei é o lucro, não importando as vias utilizadas para alcançá-lo. Porém, em meio a toda essa degradação irresponsável, surgem movimentos

que questionam e se propõem como alternativa sustentável, como é o caso da Permacultura.

Atualmente a permacultura é considerada uma ciência holística com cunho socioambiental, que congrega o saber científico com o tradicional popular e visa a nossa permanência na Terra e, consequentemente, a harmonia com a natureza. A ideia é desenvolver uma relação de troca com o ambiente, percebendo-se como parte integrante dele. O modelo nasce como uma nova maneira de pensar práticas agrícolas, elaborado por volta dos anos de 1960 pelos ecologistas Bill Mollison e David Holmgren. Esse modelo possui três princípios éticos: cuidar da terra, para que ela se mantenha saudável e os sistemas de vida continuem e se multipliquem; cuidar das pessoas e garantir que elas tenham acesso aos recursos necessários para a sua existência; e cuidar do futuro, de modo a repartir os excedentes e compartilhar tudo o que é proveniente dos ecossistemas.

Exemplo de modelo de permacultura que tem dado certo aqui no Brasil é o sítio agroecológico Marizá Epicentro, desenvolvido na região de Tucano, no sertão da Bahia, pela precursora do movimento aqui no país, Marsha Hanzi. No documentário “Porque Não o Paraíso?”, disponível no YouTube, é possível ver como o projeto tem gerado bons resultados para uma região em que nada frutificava. Desde 2003, quando foi implantado, 19 hectares de areia seca foram transformados em um belíssimo jardim produtivo, cheio de árvores e flores silvestres. Um verdadeiro paraíso, principalmente para a população local, que também participa do processo de manutenção da permacultura na região.

É interessante buscar novas alternativas de uso do meio ambiente, que não interfira de modo tão agressivo na natureza e, consequentemente, na vida da população – principalmente aqueles que estão à margem da sociedade, visto que a relação predatória com a natureza reflete também, uma distinção entre classes. A concentração do lucro advindo dessa exploração, é voltado apenas para uma pequena parcela da população, constituída pela classe dominante.

A nossa criatividade nos possibilitou chegar a lugares inimagináveis, como à Lua por exemplo; a ciência criou possibilidades de descobertas no espaço, entre outras questões importantes. Então, por que não criar ou colocar em prática modelos tão simples e benéficos para nós mesmos? Por que não implementar um modelo de agricultura que respeite o meio ambiente aqui no Sul da Bahia, que agregue o rendimento econômico de seus produtores e o bem-estar de todas as instâncias do ecossistema? Se uma região aparentemente infrutífera no sertão da Bahia conseguiu se

desenvolver de modo sustentável, nossa região também pode.