PRODUÇÃO DE RIQUEZA PARA QUEM?
- Entre Meios
- 23 de dez. de 2019
- 2 min de leitura
Texto de Igor Dutra
Estudante de Comunicação Social na Universidade Estadual de Santa Cruz
O setor do agronegócio se apresenta como símbolo de modernidade e eficiência. Esse
modelo se expande e se apropria da terra e dos frutos dela, utilizando-se do discurso de que é o único modelo capaz de combater a fome e gerar emprego. Essa ideologia é fortemente difundida, principalmente por meio da propaganda.

No entanto, o que mais vemos são grandes áreas concentradas de terras férteis com
produtos para exportação ao lado de uma imensa quantidade de trabalhadores rurais com pouca terra e abandonas pela administração pública. De acordo com o estudo 1 que destaca a concentração de terras no Brasil, menos de 1% dos proprietários agrícolas possui 45% da área rural do país, ao passo que estabelecimentos com menos de 10 hectares ocupam menos de 2,3% da área total. As grandes fazendas, com mais de mil hectares, concentram 43% do crédito agrícola. Mas são os pequenos que respondem por mais de 70% da produção de alimentos.
O agronegócio, na condição de agricultura moderna, começa nos insumos (elementos
essenciais necessários à produção), passa pela agropecuária e termina na forma de comida, bebida, roupas, energia, plástico etc., com a finalidade de obter o lucro destinado à manutenção
do poder das grandes empresas.
Quando se fala de tecnologia, para enaltecer o agronegócio, precisamos enxergar uma questão muito importante: já que uma das principais técnicas se sustenta no uso de agrotóxicos para garantir a produção rápida, contraditoriamente, pode provocar uma série de doenças e complicações para a saúde humana. Não suficiente, o País tem se destacado no emprego do trabalho escravo no campo, e o agronegócio continua sendo o setor que mais submete trabalhadore/a/s à condição análoga à escravidão 2.A partir de 2015 diversas propagandas, como aquela veiculada em horário nobre no canal de TV aberta da rede Globo 3 , destacam que tudo é AGRO, e por isso, a indústria e a riqueza no Brasil.

Com a divulgação massiva de propagandas como essa, imagina-se que não há outra forma de produção no campo, justamente porque ele é vendida como riqueza, sem considerar que são os trabalhadore/a/s que a produzem, mas são os grandes latifundiário/a/s que recebem o lucro. No momento em que o Agro se diz tudo, nega outras formas de produzir no campo, como é o caso da agricultura familiar, na qual a terra tem finalidades que se opõem e resistem ao negócio controlado por grandes corporações no campo. Nesse entendimento, o agronegócio como produtor de riqueza evidencia que ele se apropria da terra e explora o trabalho, beneficiando um pequeno grupo detentor do capital.
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